Em entrevista, jogador conta seu poder de influência como ídolo do Anzhi e o que o fez mudar de vida. Tentar convencer Ganso e Neymar foi o começo
Indiquei Ganso e Neymar. Expliquei como era a estrutura aqui. Mas tem Real na frente, tem Barcelona"
Roberto Carlos, jogador do Anzhi
O ano que seria o da Libertadores pelo Corinthians transformou-se numa aventura no Daguestão, a república russa cuja capital é Makhachkala, sede do Anzhi (lê-se "Anji"). No clube do bilionário Suleyman Kerimov, Roberto Carlos joga - no meio-campo -, ajuda a planejar o futuro e indica reforços. Tentou levar Neymar e Ganso. Não funcionou, mas ele garante que seu amigo Samuel Eto’o foi apenas o primeiro craque de muitos que virão.

ROBERTO CARLOS: Não, é mais por um projeto de futuro mesmo. De uma pessoa que é forte no futebol aqui na Rússia, que quer fazer deste time um time grande, quer fazer de Makhachkala uma cidade moderna e quer levar jogos da Copa do Mundo de 2018 para lá. Tudo faz parte de um projeto de futuro que está dando certo.

Até quando você fica na Rússia?
Eu tenho um ano e meio de contrato. Depois vamos ver. Não sei ainda se vou virar dirigente. Tenho que conversar muito com o Suleyman Kerimov. Vamos ver. Mas nós temos uma relação excelente. Ele me pede opinião, conversamos muito. Aqui está tudo muito bom, está gostoso. Estou muito feliz.
O Vagner Love comentou que às vezes sente falta de cobrança no CSKA, que a pressão por resultados no futebol russo é pequena comparada ao Brasil. Você sente isso também?
Mas aqui, no caso do Anzhi, que é um time novo, as pessoas cobram bastante da gente. O CSKA é um clube de mais história. Mas no nosso clube tem que ganhar todo dia.
Quem são as pessoas que cobram? O presidente?
É...
E cobrança da torcida, existe?
É diferente. A torcida vai mais para se divertir. Não é como no Brasil ou na Espanha, em que cobram bastante. Aqui existe, mas é bem menos.
Mas nós temos uma relação excelente. Ele me pede opinião, conversamos muito."
Roberto Carlos, sobre Suleyman Kerimov, dono do Anzhi
Eu só não fiquei no Brasil por causa daquelas confusões todas lá. As pessoas não souberam de verdade a história de tudo o que aconteceu no jogo contra o Tolima (em que o Corinthians foi eliminado na pré-Libertadores) e acabaram me insultando. Surgiu a proposta do Anzhi e eu aceitei. Mas eu poderia ter ficado no Brasil. Mas acho que não precisava passar por aquilo também, né? De quebrar carro, de quebrar ônibus, insultos, as pessoas têm que ter um pouco mais de respeito.
Apesar do seu clube ser do Daguestão, vocês vivem e treinam em Moscou. Quando vão se mudar para lá?
Ainda não sei quando vamos para Makhachkala. Só quando estiver pronta a estrutura de hotel, centro de treinamento... mas nós temos tudo de bom aqui em Moscou. Quando vamos para Makhachkala é uma grande festa. A cidade é legal. Até pouco tempo era uma cidade um pouco violenta, mas agora está todo mundo feliz com o time (Na mesma noite da entrevista, quarta-feira, três carros-bomba explodiram em Makhachkala matando seis pessoas e ferindo 60, a maioria policiais). O presidente do Daguestão também está investindo em muitas obras, é uma cidade que vai ficar moderna dentro de pouco tempo.
Agora você joga no meio-campo, mas às vezes atua até como terceiro zagueiro...
É, aqui eu estou jogando no meio. Às vezes, dependendo do adversário, faço também uma função de um terceiro zagueiro, para dar cobertura à nossa dupla de zaga e deixar os meninos jogarem mais tranquilos. Estou me sentindo muito bem fisicamente. Estou gostando. Não tem segredo.


Mas a tendência, com a Copa de 2014 se aproximando, é a pressão aumentar, não?
Com o Brasil sediando a Copa do Mundo, não podemos entrar naquela coisa de “nós somos obrigados a ganhar”. É todo mundo muito novo ainda. O time é jovem e o treinador também é novo. Se a gente entender que o Brasil é forte, a gente pode ganhar a Copa do Mundo. Mas se começar a botar muita pressão, aí fica difícil.
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